Do lado português, Vila Real de Santo António e Castro Marim registaram inundações urbanas, enquanto na margem espanhola, Ayamonte e Lepe enfrentam prejuízos avultados na agricultura e infraestruturas.
Por Redacção Gem-Digi 18 de novembro de 2025
A tempestade Cláudia, que nos últimos três dias manteve o sul da Península Ibérica sob aviso laranja, começa finalmente a dissipar-se, deixando para trás um rasto de destruição nas duas margens do Rio Guadiana.
Embora o centro da depressão esteja a afastar-se em direção ao Mediterrâneo, as autoridades de Proteção Civil de Portugal e Espanha mantêm-se no terreno para restabelecer a normalidade numa região onde a fronteira não travou a força dos elementos.
O balanço provisório aponta para dezenas de ocorrências registadas entre Mértola e a foz do rio, com a água e o vento forte a serem os principais causadores de danos materiais.
O impacto na margem portuguesa
Em Vila Real de Santo António, a malha urbana pombalina voltou a sofrer com a precipitação intensa. Segundo fontes da Proteção Civil Distrital, citadas pela imprensa regional, várias estradas ficaram intransitáveis devido à acumulação de águas pluviais, afetando o comércio local na baixa da cidade. A força do vento provocou ainda a queda de estruturas e árvores, obrigando ao corte temporário de vias de acesso à EN125.
Subindo o rio, nos concelhos de Castro Marim e Alcoutim, a preocupação centrou-se na subida do caudal das ribeiras. Várias povoações isoladas no interior serrano viram os acessos cortados temporariamente.
Em Mértola, o cenário foi de vigilância apertada; a autarquia ativou os planos de emergência preventiva face ao risco de galgamento das margens do Guadiana nas zonas mais baixas, embora, até ao momento, não haja registo de feridos, contrastando com o trágico balanço nacional que contabiliza três vítimas mortais noutros pontos do país.
Andaluzia duramente atingida
Na margem espanhola, a província de Huelva sofreu com particular violência a passagem da «Borrasca Claudia». De acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (AEMET), foram registados valores superiores a 70 litros por metro quadrado em curtos períodos de tempo na zona costeira.
Em Ayamonte, vizinha direta de Vila Real de Santo António, as imagens de cheias nas ruas do centro histórico dominaram as redes sociais, com garagens e caves alagadas. Mais a norte, em Sanlúcar de Guadiana, a subida do rio obrigou à suspensão da navegação e das ligações fluviais com Alcoutim, isolando efetivamente a conexão turística entre as duas vilas.
Contudo, é em Lepe que se concentram os maiores receios económicos. A localidade, conhecida pela sua forte produção agrícola, reporta danos significativos nas estufas de frutos vermelhos. A associação de produtores locais, citada pelos meios de comunicação da Andaluzia, fala em «prejuízos milionários» devido ao rasgão de plásticos e destruição de estruturas pelos ventos fortes, comprometendo parte da campanha da morango.
Rescaldo e Limpeza
Com a desativação progressiva dos alertas meteorológicos, as operações de limpeza já arrancaram. O trânsito na Ponte Internacional do Guadiana processa-se agora com normalidade, embora as autoridades recomendem precaução devido ao piso escorregadio e à possibilidade de detritos na via.
Para os autarcas da Eurocidade do Guadiana, a tempestade Cláudia serviu como um novo alerta para a necessidade de reforçar as infraestruturas de drenagem e de resposta conjunta a catástrofes naturais num território cada vez mais exposto a fenómenos extremos.
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