Vila Real de Santo António: Rumo a 2026 – Um Quarto de Milénio de Luz e Razão

porto de recreio do guadiana
porto de recreio do guadiana

Por José Estêvão Cruz |

Quando, em novembro de 2006, especialistas se reuniram em Vila Real de Santo António para o 4.º Encontro das Cidades Iluministas, debatia-se a alma desta cidade. Hoje, passados quase vinte anos sobre esse encontro e à beira de 2026, a “Cidade de Luz” aproxima-se de um marco histórico inigualável: os seus 250 anos.

Dois séculos e meio depois da sua inauguração solene (1776), Vila Real de Santo António prepara-se para celebrar não apenas a sua arquitetura, mas a audácia de um projeto que desafiou o seu tempo.

A Génese de uma “Vila-Fábrica” (1776)

Para compreender a importância de 2026, é preciso recuar a 1774, quando a primeira pedra foi lançada por ordem do Marquês de Pombal. A cidade não nasceu por acaso; foi uma “Vila-Fábrica” erguida em tempo recorde para garantir que Portugal, e não a Espanha, controlasse as riquezas da pesca e da salga no Algarve. Inaugurada oficialmente em maio de 1776, a sua malha geométrica perfeita trouxe a racionalidade da Baixa de Lisboa para a fronteira do Guadiana.

praça marquês de pombal

O Despertar da Consciência: Os Anos 80

Se Pombal a construiu, foi preciso esperar pelo século XX para que a cidade redescobrisse o valor do seu próprio centro histórico. Esse despertar aconteceu no início dos anos 80, impulsionado pela sociedade civil.

A ADIPACNA (Associação de Defesa dos Interesses do Património Cultural e Natural do Algarve) foi pioneira ao realizar um Seminário decisivo para a recuperação da zona histórica.

Foi um tempo de efervescência intelectual, cujos registos repousam hoje nos arquivos do Jornal do Algarve e na Universidade do Algarve. A importância do momento foi tal que a prestigiada revista “Poder Local” dedicou, na época, uma edição exclusiva ao património pombalino.

Contou com o empenhamento de Alfredo Graça e mais tarde António Murta, que inaugurou também o edifício do Centro Histórico e finalizou a recuperação do antigo quartel, iniciada por António José Martins.

Este movimento cívico foi amparado pelo saber de académicos como Hugo Cavaco e José Eduardo Horta Correia, cuja tese de doutoramento sobre a cidade pombalina nos ensinou a olhar para estas ruas com outros olhos.

A obra da Casa da Câmara

Com a consciência desperta, a cidade avançou, anos mais tarde, para a recuperação física do seu legado. No plano autárquico, é justo destacar o período em que, sob a presidência de Luís Gomes, coadjuvado pelo arquiteto José Carlos Barros, se capitanearam as grandes reformas urbanísticas. Foram estas intervenções que devolveram mais importância ao Edifício Municipal, à Alfândega e ao Arquivo Histórico, cumprindo o desígnio de preservar a cidade para as gerações futuras.

candeeiros da praça

2026: O Futuro da Memória

Hoje, o legado do Encontro de 2006 e das décadas de recuperação conflui num novo ciclo. O atual Presidente da Câmara, Álvaro Araújo, já sinalizou a magnitude deste momento. Desde o seu discurso de posse, a intenção de elevar as comemorações dos 250 anos tem sido clara.

Vila Real de Santo António entra em 2026 com a lição estudada e a casa arrumada. Graças ao esforço contínuo de historiadores, associativistas, autarcas e arquitetos, a cidade está pronta para celebrar o seu quarto de milénio.

Que as luzes do Iluminismo continuem a brilhar sobre o Guadiana, pois que, como se pode analisar documentalmente, todas as forças política conseguiram colocar encontrar forma de superar as suas divergências para preservar este nosso património que deve continuar a singularizar-se pelos caminhos do futuro.


Nota: Este artigo foi elaborado com base nos arquivos do 4.º Encontro das Cidades Iluministas e contou com a assistência de pesquisa e redação de inteligência artificial (Gemini).